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Pulsar: essa é a questão!

  • Foto do escritor: Valeria Maria
    Valeria Maria
  • 27 de abr. de 2022
  • 2 min de leitura

Atualizado: 9 de jul. de 2022

Por Valéria Maria


Nossas pulsões estão no nosso inconsciente. Nele, habitam os sonhos, os atos falhos, a repressão, os sintomas, as diversificadas neuroses, as experiências de nossa infância. Até mesmo a própria repressão em si elabora e envia para o inconsciente nossas experiências traumáticas para aliviar nossa própria ansiedade. O inconsciente é fundante daquilo que hoje somos, seja esse hoje o que for. Fato é que, nele, está o reservatório de nossas pulsões, e, de lá, os conteúdos reprimidos e recalcados tentam escapar a todo momento, acompanhados ainda por toda a filogenética parental e cultural.



Assim sendo, mesmo que tenhamos um discurso organizado, mesmo que nossa consciência nos dê uma linha racionalizada de nossos acontecimentos, há algo que pulsa! Esse algo que pulsa é de fato aquilo que habita o inconsciente. Nossos fantasmas não são nossos inimigos. Pelo contrário, é tudo aquilo de mais essencial e original, somos nós: sujeitos deste tempo, deste agora, desta existência, deste mundo, deste tempo que não urge, mas nós o fazemos urgir. Nesse caso, uso “nós” porque o conjunto de todos os inconscientes e de tudo que nele está reprimido é que fazem deste mundo o lugar externo que habitamos, que tanto lutamos e que tanto desperdiçamos.


E o tudo que lá está? O que é? Nossas pulsões! É bom lembrar que o nosso instinto nos move para a nossa sobrevivência; nossa pulsão nos move, então, pelos nossos desejos. Nossos desejos são aquilo que, em alguma medida, não podemos expressar e realizar socialmente. Ele é sempre contido pela civilidade, que, de algum modo, nos permite existir como sociedade. Mesmo que não possamos realizar todos os nossos mais recônditos desejos, é necessário, portanto, que nos dediquemos a olhá-los e a torná-los nossos conhecidos.


Olhar é diferente de observar. Quando observamos, automaticamente julgamos; quando olhamos, o olhar nos convoca à comunicação; quando nos comunicamos realmente com nossos desejos, nos tornamos capazes de não sentir mais medo deles e aceitar que eles façam parte de nós, que nossos desejos são o que somos verdadeiramente. Fora isso, se só observarmos, nosso julgamento nos tornará rígidos sobre nós mesmos, nos colocando em sofrimento, e isso desemboca nas nossas neuroses e também nos nossos fetiches que são fixações em algo ou alguma coisa.


A caminhada em geral do resultante pulsional dá-se na sequência: comportamento humano – inconsciente – defesas – sintomas. Na análise, para que possamos decompor, tratar e nos aliviarmos, fazemos o caminho inverso: sintoma – defesas – inconsciente – comportamento humano. A pulsão possui três dimensões: meta (prazer) – fonte (corpo) e objeto representante. Por isso, é tão precioso e necessário ouvir o corpo e, para isso, é fundamental estar em análise.


O campo da pulsão é vasto, mas poderemos comentar, ainda que brevemente alguns dos seus lugares. A começar pela própria contingencialidade de tudo que nos rodeia, portanto, todo e qualquer objeto é contingencial, está sempre nesse lugar da possibilidade que algo se realize ou não. A vida é esse emaranhado temporário, eventual, momentâneo. A vida é um acontecimento contingencial.

 
 
 

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